Nariz empinado
Adriano Brito da Costa Lima, vice-presidente do RH da Mastercard, que também conquistou o cargo quando ainda tinha 35 anos, concorda que a falta de humildade e a ansiedade são grandes deficiências que prejudicam os jovens profissionais. “Lidar com pressão e grandes responsabilidades são enormes desafios para quem tem pouca idade, mas o mais difícil é administrar o sucesso e não deixar o nariz empinar,” diz Lima. Em decorrência dessas limitações, que só a maturidade é capaz de transpor, muito mais do que o diferencial técnico que um jovem pode oferecer, o que o mercado procura é o diferencial comportamental. "O jovem precisa focar-se muito nessa área, ou seja, procurar desenvolver comportamentos que não se aprendem na teoria, como adaptabilidade, gerenciamento de trabalhos”, opina Miguel Angel Bermejo, diretor de RH do Grand Hyatt. “Hoje, temos que aprender muito mais a ajudar e a cooperar uns com os outros”, completa. Para José Octávio Fernandes, da Atento Brasil, o difícil da ascensão rápida é a expectativa em cima do jovem, que ele considera maior que de seus pares mais experientes. Embora Fernandes tenha como meta sempre a realização de tarefas com o máximo de excelência – o que o ajudou a subir rápido na empresa - , ele conta que não escapa das pressões inerentes à condição de jovem em cargos de destaque. “Você tem que provar o tempo todo que está fazendo a coisa certa, e a margem de erro tem de ser mínima,” diz. Essas dificuldades já são percebidas em empresas como a Mastercard, onde a a questão da carreira meteórica dos jovens ganhou atenção especial. Segundo o vice-presidente de RH da companhia, Adriano Brito da Costa Lima, a empresa procura estabelecer um mix de profissionais em cada área - os mais novos trabalhando junto com os profissionais mais seniores. A expectativa é que a experiência dos executivos mais antigos ajude no amadurecimento dos mais jovens. Outra medida adotada pela Mastercard é investir continuamente no desenvolvimento dos jovens: desde o custeio de cursos de idioma, MBA, e pós-graduação a financiamento de intercâmbio desses profissionais com a matriz em Nova York. “Se um jovem se perguntar todos os dias se o que ele faz tem significado, tanto para ele quanto para as pessoas que os cercam, ele encontrará a resposta na sua persistência e coragem para ir em frente”, conclui Lima. Para Fabrício Proti, do Comitê dos Jovens Executivos da Amcham , o que vai destacar um jovem no mercado é a iniciativa de buscar o conhecimento autodidata, e estar sempre aprendendo. Têm sorte, entretanto, quem traz consigo valores importantes na condução de sua vida e trabalho. Numa das últimas reuniões do comitê da Amcham, que reuniu seus associados e executivos de RH de empresas, concluiu-se que as características que fazem o profissional se desenvolver são elementos que eles herdam dos pais e aprendem na vida, como por exemplo, a ética, o comprometimento com a causa, trabalho, e a vontade incessante de aprender.
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